No Estado do Rio Grande do Sul, odesmatamento dos bosques naturais, especialmente da Floresta Estacional e daMata dos Pinheiros, é uma das consequências do modelo de desenvolvimento quesempre buscou novas fronteiras agrícolas e novas áreas para cultivo, promovendoo plantio até a borda dos cursos d'água, com perda de vegetação ciliar, eimplicando no uso de adubos químicos de alta solubilidade e na aplicação deherbicidas e pesticidas. A consequência imediata da retirada da coberturavegetal foi a maior fragmentação dos ecossistemas e o aumento do processo erosivo.A longo prazo, tal situação levou a sérios problemas associados, como perda dacapacidade produtiva das terras, redução nas colheitas, degradação física,química e biológica dos solos, aumento no custo de produção, assoreamento dosrios e reservatórios, redução na qualidade e disponibilidade da água, aumentono custo de tratamento e danos à vida aquática. O domínio da Mata Atlânticaocupava, originalmente, cerca de 13 milhões de hectares (50% da superfície doEstado), tendo atualmente remanescentes de mata e Restinga que atingem apenas600.000 hectares, aproximadamente, 5% da cobertura original. Outra consequênciadireta do desmatamento abusivo tem sido o desaparecimento gradativo de espéciesvegetais de valor econômico e ecológico, das quais se destacam o pinheirobrasileiro, (Araucaria angustifolia), as canelas (Nectandra spp.),os angicos (Parapiptadenia rigida), os cedros (Cedrela fissilis),as grápias (Apuleia leiocarpa), as imbuias (Ocotea porosa), etc.O ecossistema campos, em área limítrofe com a Argentina e com o Uruguai, vemsofrendo forte descaracterização em função da utilização intensiva paraatividades agropecuárias e com o incremento do uso de espécies vegetaisexóticas para melhorar as pastagens naturais. Este processo destrói ascaracterísticas naturais do ecossistema campo, colocando-as em risco decompleta eliminação, apesar de sua importância ecológica. Cabe ressaltar anecessidade de serem adotadas soluções conjuntas, pois alguns desses locaisformam corredores ecológicos. Nas áreas de restinga, junto ao Litoral do Estado do RS, há situações bastante distintas em função de influênciasantrópicas e relativamente ao seu estado de conservação, no que se refere aosaspectos da biodiversidade. O Litoral-Norte, que tem estreita relação com osremanescentes da Mata Atlântica, teve forte perda de suas característicasnaturais, motivadas por urbanização, além de outros fatores antrópicos de menorintensidade. No Litoral Médio e no Litoral Sul, há uma ocupação principalmentecom agricultura extensiva e cultivos de florestamentos com espécies exóticas(principalmente Pinus spp.), embora nesses locais situem-se os doisprincipais redutos de importância global do estado: Parque Nacional da Lagoa doPeixe (sítio Ramsar, situado no Litoral Médio) e Estação Ecológica do Taim (noLitoral Sul). A Estação faz parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e doSistema Lagunar da Lagoa Mirim, na fronteira com a República do Uruguai,situada junto à Reserva da Biosfera de Bañados del Este. Nas duas áreas,além da introdução de espécies exóticas, ocorre intensivo uso das áreas deentorno para cultivo de arroz irrigado. Aqui se salienta uma ameaça que vem seincrementando mais recentemente: a utilização de áreas para aquicultura, compeixes/crustáceos exóticos, colocando-se em risco a rica diversidade biológicanativa regional (e, nesse caso, internacional) (Margareth et al., 2005).
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